De acordo com o Global Times (veículo de imprensa oficial do governo chinês) a China estaria pronta para colocar a Apple em uma “lista de entidades não confiáveis” do país, o que colocaria diversas restrições para o funcionamento dessas empresas, além de abrir uma série de investigações sobre os negócios dessas companhias no país asiático. De acordo com a reportagem, a China estaria pronta para tomar quaisquer medidas necessárias para proteger os direitos das companhias do país em conseguir os componentes necessários para a fabricação de seus produtos, e pensa seriamente na possibilidade de passar a punir empresas americanas com a mesma intensidade que os Estados Unidos tem feito com a Huawei. Além da Apple, outras duas marcas citadas pelo Global Times que poderiam ser colocadas nesta lista são a Qualcomm e a Cisco. Caso seja colocada na “lista de entidades não confiáveis” da China, uma empresa não só se tornará alvo de diversas medidas legais e administrativas impostas pelo governo, como se tornará alvo de uma campanha de marketing negativa, com uma recomendação oficial para que as pessoas parem de usar e não comprem produtos dessas marcas, pois poderão estar colocando a segurança da nação em perigo.

Por que a Apple?

O motivo por trás dessas ameaças é o fato de que os Estados Unidos estão se movimentando para não só impedir que a Huawei venda seus equipamentos no país, mas para atrapalhar toda a produção da empresa, impedindo que ela fabrique seus produtos e comercialize esses produtos. Isto acontece porque, na semana passada, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos definiu novas regras que impedem as companhias do país de fornecerem qualquer tipo de matéria prima para a fabricação de componentes semicondutores e projetos de design de processadores e chips em geral não apenas para a Huawei e suas afiliadas, mas também para qualquer empresa que usaria esses produtos para desenvolver componentes que seriam utilizados pela chinesa. Já o que torna a Apple o principal alvo de retaliação do governo chinês também é fácil de entender: assim como a Huawei é a maior marca mundial de dispositivos móveis com sede na China, a Apple é a maior marca mundial de dispositivos móveis com sede nos Estados Unidos. Mas, caso o país asiático aplique a proibição de venda de produtos da empresa, a Apple deverá sofrer um baque maior do que a Huawei. Isto porque, enquanto a chinesa nunca vendeu bem no mercado estadunidense (as restrições impostas a ela afetaram mais a possibilidade de vender seus equipamentos 5G para operadoras do país do que o negócio de smartphones), a China é o segundo mercado mais importante da Apple, e caso ela seja impedida de vender por lá a empresa poderá ver do dia para a noite uma diminuição de 20% em sua receita.

O verdadeiro alvo dos EUA

A medida do Departamento de Comércio dos Estados Unidos em impedir a venda de semicondutores para qualquer empresa que possui contrato com a Huawei tem como principal alvo a TSMC, companhia taiwanesa que é uma das maiores fabricantes de componentes para smartphones do mundo, e que compra dos Estados Unidos boa parte da matéria-prima que utiliza para a fabricação dos chips que são usados nos aparelhos da Huawei.  E elas parecem já estar mostrando resultados positivos para os planos de Trump, já que nesta segunda-feira (18) diversas fontes ligadas à TSMC revelaram à Nikkei Asian Review que a empresa não está aceitando mais novas ordens de fabricação de componentes da Huawei, focando apenas em completar os pedidos que já haviam sido fechados antes da proibição criada pelos Estados Unidos. Mas, oficialmente, a TSMC não confirma esse distanciamento com a marca chinesa, e afirmou à Reuters que a reportagem da Nikkei é uma peça de propaganda inflada por rumores. Em pronunciamento oficial, a Huawei afirmou que esta medida não afeta apenas ela, pode causar um grande impacto em todo o cenário mundial de smartphones, e que a longo prazo só servirá para fazer com que companhias de fora dos Estados Unidos utilizem cada vez menos a tecnologia desenvolvida no país. Fonte: MacRumors, Nikkei, Reuters, The Verge

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