Bilionário do Tinder foi o apelido dado a Rafael Correa de Paula, um empresário de 33 anos que se apresenta como herdeiro de fazendeiros do município de Frutal, no interior de Minas Gerais, para ganhar confiança de pessoas influentes do eixo Rio-São Paulo. No momento, ele está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por suspeita de crimes de ameaça, difamação, stalking e estelionato.

Servidor público denuncia golpe do Bilionário do Tinder

O servidor público do Rio de Janeiro de 38 anos foi a vítima que revelou detalhes sobre o golpe do Tinder em entrevista ao Metrópoles, sem se identificar por questões de segurança. O primeiro encontro aconteceu no hotel Fasano após terem se conhecido no aplicativo de relacionamento mais usado do mundo. Em quatro meses de relacionamento, o ex-namorado diz que Rafael falava sempre em rede de hotéis caríssimas, roteiros exclusivos e roupas de grife, além de citar celebridades como amigos. Pouco tempo após o primeiro encontro, veio o convite para uma viagem internacional, na qual o casal embarcou de primeira classe para África e Dubai. Logo em seguida, foram para Nova York e México, totalizando 22 dias entre hotéis cinco estrelas e restaurantes conceituados. Quando crises surgiam, o carioca era presenteado com itens caros como malas avaliadas em 8 mil reais, vaso de cristal da Versace e outros. Mesmo com o luxo, a convivência se tornou insustentável, o que levou ao término do relacionamento. A partir de então, começam os supostos crimes de Rafael. E-mails com ameaças apareciam frequentemente na caixa de entrada do servidor, que também teve todos os cartões bloqueados por conta de compras estornadas — que atingiram o montante de R$ 83 mil relativos a despesas com hospedagens e passagens aéreas. “Na verdade, muitas cobranças já vinham sendo lançadas. Eu não reconhecia os gastos, mas não suspeitava que poderia ser algo do Rafael. Algumas compras eram relacionadas a hotéis, passagens e restaurantes”, declarou a vítima. Uma nova fraude acontece quando ele reativa a conta na quantia de R$ 7 mil. Tudo isso aparece como uma surpresa para o servidor público pois Rafael havia pedido os dados dos cartões para cobrir pequenos custos referentes aos voos como taxas de embarque. Ele ainda acrescenta que o suposto golpista chegou a pedir e receber dados do cartão de crédito de pessoas famosas. Além dos transtornos com o banco, o servidor público teve seu número de celular cadastrado em grupos de swing. “Pessoas passaram a bater na minha porta afirmando que havia agendado encontros para sexo em grupo. Também cheguei a ser abordado em bares e restaurantes. Além disso, fizeram um perfil falso para vazar imagens íntimas minhas que apenas ele tinha acesso”, contou. A família também foi alvo do ex e passaram a ter cartões clonados e a receberem ofertas de serviços que não teriam contratados. “Uma funerária ligou para a minha mãe alegando que o filho dela tinha contratado um plano funerário. Pediram para ela escolher a roupa que queria ser enterrada, o modelo de caixão e flores. Foi macabro”, comenta. Longe do fim, chegaram a cortar gás e luz do apartamento do servidor público, pois ligaram nas companhias se passando pela vítima para solicitar a suspensão dos serviços. Entre outros eventos inesperados, houve o recebimento de kits de teste de DST, assinaturas de revistas e cadastros em linhas telefônicas. Até mesmo um hacker entrou em contato com o servidor, afirmando que teria sido contratado para invadir seu perfil nas redes sociais. Assim, Rafael entra para a ala de golpistas do Tinder com sucesso.

Histórico de processos

Como relatado acima, grande parte dos crimes ocorreu em ambiente virtual, desde o cancelamento de cartões até serviços essenciais, como água e gás. De acordo com o depoimento do ex-namorado, Rafael chegou a tentar invadir sua casa a fim de reatar o namoro. Após procurar um advogado, a vítima diz ter se assustado com o que descobriu. Rafael Correa respondia na Justiça por estelionato e agressões, e também era cobrado por bancos e pela Receita Federal. Outras pessoas próximas ao golpista tiveram acesso à sua ficha criminal, que mostrava vários processos e boletins de ocorrência contra Rafael. Apesar de não saberem o que era ou não verdade, havia algum tempo que os amigos de Rafael se afastavam dele.

Suposto herdeiro recebeu auxílio emergencial

Em 2020, primeiro ano da pandemia, um dos destinos que garantiram lindas imagens no feed do Instagram de Rafael foi a Grécia. Ele ficou hospedado no Lodge Myconian Utopia & Châteaux Hotel, um hotel cinco estrelas com diárias que vão de R$3,3 a R$ 10 mil. No ano seguinte, também em meio às consequências da COVID-19, suas viagens cheias de ostentação por meio de redes sociais incluíram a África do Sul e Deserto do Saara. E nada disso impediu o Bilionário do Tinder de receber o auxílio emergencial do governo, entre abril e novembro do ano passado. As parcelas de R$ 150 que seriam concedidas apenas a famílias de baixa renda e pessoas desempregadas em estado de vulnerabilidade acentuado por conta da pandemia, foram usadas pelo golpista até o momento em que o governo percebeu a irregularidade e bloqueou os saques. Ou seja, enquanto o Bilionário do Tinder viajava pelo mundo sempre em primeira classe, acumulando mimos e e vestuários da Gucci e Prada, ele recebeu, indevidamente, R$ 1,2 mil do governo brasileiro, montante que deveria ser destinado a pessoas que estavam sofrendo com desemprego e miséria.

Explosivo e agressivo: adjetivos descrevem o golpista

Ao mesmo tempo em que era admirado e obtinha bons resultados com o golpe do Tinder, tanto pela boa aparência quanto sua bagagem intelectual em meio a viagens e ambientes de luxo, Rafael enfrentava dificuldade de manter as pessoas por perto. Um amigo próximo descreve que seu comportamento “explosivo e agressivo” era observado por todo um grupo. A fonte, em conversa com o Metrópoles, também afirmou que o jeito cheio de “altos e baixos” de Rafael tornava os relacionamentos amorosos difíceis. Ao longo do tempo, vários namoros aconteceram com homens muito influentes de São Paulo e outros estados, mas duravam poucos meses. Todos seguiam o mesmo padrão, sendo rapazes milionários e bilionários, com términos que se mostravam sempre traumáticos, entre brigas e afastamento repentino. “Nunca era tranquilo, todos eram as mesmas histórias. Ele é uma pessoa muito agressiva, de altos e baixos, terminava e tentava acabar com a pessoa. Ele criava vários fakes para tentar atacar os ex-namorados, perseguia”, comenta o amigo que diz ter nunca sido prejudicado pessoalmente pelo golpista, ficando a par de suas mentiras depois que as histórias começaram a circular na mídia nas últimas semanas. Entretanto, há anos notava inconsistências. Ninguém conheceu e nunca soube quem de fato é a família do Bilionário do Tinder, que acumula comportamentos contraditórios. Conforme a fonte, ao mesmo tempo em que ostentava com compras de grife e viagens luxuosas, costumava “contar as moedas na hora de dividir contas” e se mudava de casa o tempo todo em São Paulo. Quando decidiu comprar um apartamento, tratava-se de uma unidade simples. Rafael ainda não conversou com nenhum veículo de comunicação.

Golpes e estelionato estão em alta

E já que estamos falando de golpistas do Tinder, o documentário O Golpista do Tinder, da Netflix, mostra três mulheres que denunciam o esquema de Simon Leviev, que na verdade se chama Shimon Hayut, chocando o mundo com a aplicação de golpes milionários apenas usando o aplicativo como sua principal ferramenta. Ele chegou a roubar 10 milhões de dólares de suas vítimas. Além dos golpes em aplicativos de relacionamento, recentemente também pudemos conhecer a visão cinematográfica de Anna Delvey – ou Anna Sorokin – mulher que convenceu a elite de Nova York de que era uma herdeira alemã, mas por trás de todo o glamour, se escondia uma audaciosa golpista. Em Inventando Anna, série da Netflix baseada em fatos reais, vemos como uma jovem de vinte e seis anos conseguiu enganar amigos e grandes bancos com centenas de milhares de dólares antes de ser condenada por fraude e furto. Esses dois casos te lembram algo? E aí, você acha que o Brasil já tem a sua própria versão de golpe financeiro absurdamente luxuoso com o Bilionário do Tinder?

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